Quando as crianças começam a falar, a interação com os educadores ganha mais importância para que a oralidade seja desenvolvida adequadamente.
Durante toda a vida, as pessoas mais velhas servem de exemplo para as mais novas. Como isso é muito mais intenso nos primeiros anos, a escola representa um espaço propício para que as crianças entrem em contato com padrões.
Na fase até os 3 anos, em que a fala tem um grande desenvolvimento, os educadores devem ser cuidadosos nos exemplos que transmitem a elas.
Um dos objetivos dessa etapa da escolaridade é ampliar a fala da criança em contextos comunicativos para que ela se torne uma falante competente.
Frases ditas pelas crianças na maneira delas, com trocas e discordâncias comuns da idade são frequentes em sala de aula. Portanto, logo após os pequenos se expressarem dessa forma, o ideal é que o professor fale corretamente, oferecendo um modelo de resposta. Nessa troca sutil, eles aprendem as palavras adequadas sem se intimidarem.
Diferentemente do que grande parte dos adultos gosta de fazer, não é correto recorrer a diminutivos ou termos infantilizados durante as conversas com os pequenos. Esse tipo de atitude gera um diálogo artificial e se baseia no princípio de que eles não entendem nada do que está sendo falado. Não se deve minimizar a capacidade deles de participar desse mundo novo que se apresenta.
Dois aspectos que podem colaborar para a comunicação são a sensibilidade e a predileção por determinados tipos de som. É comum as crianças se mostrarem receptivas à voz feminina ou tom mais agudo. Elas respondem não pelo conteúdo semântico, e sim pela entonação e pelo comportamento do interlocutor. Pode-se recorrer a uma fala melodiosa, pois os bebês são mais sensíveis a determinados sons, mas o diminutivo não precisa ser usado só porque eles são pequenos.
Há também muitas situações em que o adulto empresta a sua voz para os que estão começando a falar. Sempre que isso ocorrer, deve-se respeitar a sequência de um diálogo. Em vez de perguntar algo e logo em seguida emendar a resposta, é adequado fazer um intervalo. Dessa forma, a criança é colocada no lugar de interlocutora e tem a chance de se posicionar. É igualmente importante tomar cuidado para não deixar os pequenos em sua zona de conforto. Se um deles olha para a água e alguém rapidamente vai servi-lo, ele não vai sentir a necessidade de se expressar. O educador deve incentivá-lo a falar ou expressar de alguma forma seu desejo.
Gestos e balbucios também colaboram com a interação
A atenção dos adultos à comunicação com os pequenos não está restrita apenas ao que é verbalizado. No momento de contar histórias, por exemplo, você deve notar quais reações são geradas por suas atitudes durante a leitura. A turma pode demonstrar seus comentários ao apontar o livro, balbuciar, bater palmas e dar gritinhos. Todas essas ações também constituem a linguagem. Ao identificar essas respostas, o educador pode falar as frases correspondentes a elas como uma forma de confirmar às crianças o que foi entendido. As frases do adulto servem, mais uma vez, de exemplo para que os pequenos evoluam em sua comunicação oral e entendam como a utilizar para demonstrar suas emoções.
Os erros mais comuns:
– Considerar o berçário um lugar de silêncio => É preciso conversar com os bebês. Eles são interlocutores ativos.
– Usar diminutivos e infantilizar as expressões => As crianças compreendem se você falar normalmente com elas.
– Prestar atenção apenas na fala dos pequenos => Gestos e atitudes também indicam o que a turma quer dizer a você.
– Restringir-se a palavras próprias da primeira infância => Diversifique o vocabulário para desenvolver a oralidade.
– Agir antes de a criança falar => Ela deve se esforçar para a comunicação acontecer.
Fonte:
Revista Nova Escola