A gagueira é um dos distúrbios da fala mais comuns e afeta cinco em cada cem crianças. Mas apesar da prevalência significativa, uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha mostrou que muitos professores não recebem informações corretas sobre gagueira. Como consequência, eles não sabem identificar nem lidar corretamente com o problema em sala de aula.
É comum que crianças entre 2 e 4 anos, que estão passando pelo processo de aquisição de linguagem, apresentem comportamentos típicos da gagueira, como repetição de palavras, sílabas e sons, prolongamentos de vogais e bloqueios. Esses sintomas podem permanecer na fala por apenas alguns meses e depois sumir sem qualquer intervenção. É a chamada “remissão espontânea”, que está ligada ao desenvolvimento da linguagem e não à gagueira.
Contudo, é importante estar alerta e acompanhar cuidadosamente tal comportamento de fala que, quando instalado por um longo tempo, passa a ser mais do que comportamentos resultantes do processo de aquisição da linguagem, assumindo-se como gagueira.
Convém lembrar que embora a gagueira não afete o desempenho intelectual, ela pode levar à desmotivação escolar quando os professores desconhecem a melhor forma de lidar com a dificuldade. O bullying escolar é outra complicação frequente à qual pais e professores devem estar muito atentos!
O profissional indicado para realizar avaliação e tratamento nestes casos é o fonoaudiólogo. A fonoterapia visa melhorar as relações de comunicação e minimizar tanto o distúrbio quanto o sofrimento do paciente. Por diversas vezes, se faz necessário um acompanhamento psicológico concomitante.
É muito importante que pais e educadores realizem um trabalho de parceria, buscando a melhor maneira de proceder com o indivíduo gago. Partindo desse pressuposto, algumas condutas devem ser adotadas, tanto pelos pais no ambiente familiar quanto pelos professores na escola.
Em casa:
- Nunca diga ‘pare’, ‘pense’, ‘respire’ ou ‘calma’. A criança não está nervosa, está gaguejando;
- Apesar da dificuldade em comunicar, não complete palavras para a criança;
- Não interrompa a fala da criança;
- Converse em velocidade confortável e de forma mais pausada;
- Reduza o número de perguntas;
- Busque olhar nos olhos da criança quando ela estiver falando;
- Durante o diálogo deixe a criança falar mais e busque balançar a cabeça para indicar que está compreendendo o que ela está falando;
- Tenha um tempo a sós com o filho, para que ele tenha liberdade para contar tudo o que quiser.
Na escola:
- Estabeleça um contato frequente com a família para acompanhar o desempenho da fala da criança em casa;
- Adote uma postura de acolhimento, que não é ter dó, compreenda a dificuldade da criança;
- Não peça para a criança falar dessa ou daquela maneira;
- Compreenda que gagueira não tem nada a ver com inteligência. Cobre da criança que gagueja o mesmo que cobra das outras crianças, com exceção da fala, é claro.
- Perceba os dias mais fáceis e os mais difíceis da criança, evitando expô-la, respeitando os dias mais difíceis;
- Estabeleça uma dinâmica de leitura em dupla ou coletiva;
- Em atividades pré-escolares, nunca deixe a criança para o final da brincadeira, porque essa atitude pode aumentar a ansiedade e o medo.
Fontes:
Equipe Brasil Escola
Gagueira Updates