No aprendizado dos pronomes, a criança derrapa no uso do “eu”, mas sabe muito bem quem é ela
É comum a criança falar “ele quer” no lugar de “eu quero”. Ela se refere a si mesmo como “você”, “nenê”, “ele” ou pelo próprio nome, principalmente quando vai pedir alguma coisa. Por volta dos 2 anos, a criança já conhece vários pronomes, como você, meu, ele, esse e inclusive o eu, mas ainda não sabe usá-los de forma correta. Nessa fase, ela desconhece qualquer regra de linguagem, ela pratica a fala ouvindo e imitando o adulto, e, nesse aprendizado, o entendimento do uso do “eu” pode ser um pouco mais difícil, porque ninguém chama o filho por essa palavra. Por isso a criança se atrapalha, mas os equívocos que comete não significam que ela tenha alguma dificuldade para compreender quem é. Essa noção já está clara nessa idade. A criança sabe que é um ser separado da mãe, que tem nome, quais são seus brinquedos…
Processo sofisticado
Falar parece ser fácil, mas é um mecanismo elaborado, envolve aspectos biológicos, cognitivos e emocionais. Cada criança desenvolve a fala no seu ritmo, mas em geral esse processo dura cerca de quatro anos. Os pais não devem ficar preocupados quando o filho já falava algo corretamente e passa a falar errado. Por exemplo, se ele diz “eu fiz bolo” com 1 ano e 10 meses e depois, aos 2 anos e meio, fala “você faziu bolo”. Esse tipo de construção de frase não é erro nem regressão. Antes a criança acerta por imitação, mas, quando começa a incorporar as normas da linguagem, ela tenta colocar em ordem as palavras do jeito dela. É um sinal positivo, de avanço intelectual. A criança demonstra que está organizando o pensamento.
Bom estímulo
Conversar bastante com seu filho é a melhor forma de incentivá-lo a fazer o uso correto da linguagem. Mostre a sua blusa e a dele, por exemplo. Fale “eu quero água” e pergunte a ele: “E você?” Outro recurso são os livros de história. Leia um livro para seu filho e, no meio da história, faça perguntas sobre o enredo, estimulando-o a responder sempre mais do que um simples “sim” ou “não”. O exercício ajuda a criança a traduzir o pensamento em palavras.
Fonte: Revista Crescer